Actualmente, no cenário de crise e falta de emprego que se vive em Angola, tornar-se no próprio chefe é um dos principais motivos que tem impulsionado o empreendedorismo.
O conceito surgiu pela primeira vez, com o economista austríaco, Joseph Schumpeter. Schumpeter denominava o “acto empreendedor” como um processo de introdução de uma inovação no sistema económico pelo “empresário empreendedor”, que tinha como objectivo principal a obtenção de lucro.
Apesar de demonstrar ser uma mais valia para o sistema económico e para a sociedade em geral, esta palavra “Empreendedorismo” …sempre a vi com alguma dúvida, quem sabe até mesmo medo/receio. Este medo vem do facto de criar algo novo que pode não ser bem aceite. O medo de falhar e não conseguir superar o embate. A dita insegurança.
Recentemente, participei do Mentulia, um projecto multidisciplinar de partilha e reflexões com o objectivo de despertar consciências, criado por Djamilia Afonso.
Na terceira edição, o tema abordado foi “O medo e a coragem de empreender”, na qual participaram alguns empreendedores já estabelecidos no mercado angolano. Falaram dos desafios, das dificuldades, das vicissitudes, mas também da coragem, do amor e do sentimento de realização pessoal e profissional por ajudarem a melhorar e a transformar as vidas de pessoas ao seu redor. Foi para mim como uma lufada de ar fresco, para tantos bloqueios que tinha em relação ao empreendedorismo.
Há uns séculos atrás, já bem à frente do seu tempo, o filósofo Séneca não poderia ser mais sucinto e directo ao afirmar:
“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.”
Aqui vejo o quanto o medo e as inseguranças, a acomodação e as ditas crenças limitantes pairam na nossa mente e não nos permitem pensar positivo e ir em frente com os nossos propósitos. Quantos de nós estamos presos a empregos que não nos permitem fazer o que realmente gostamos e que nos proporcionam senão “sonhos temporários”: dinheiro, benefícios, estatuto e uma vida equilibrada. Feliz ou infelizmente, somos milhões.
O dever de ter um tecto, alimentar uma família, pagar as contas e ter paz (pelo menos até ao próximo mês), às vezes rouba-nos o que de mais precioso temos: a nossa criatividade e o espírito inovador, por incrível pareça, duas palavras intrinsecamente ligadas ao empreendedorismo.
Mas para “empreendermos” é necessário entender o seu significado. Empreender, vai muito além da criação de um novo negócio. Na minha óptica, é ter visão, paciência, resiliência, persistência, ousadia, coragem para arriscar com ideias criativas e inovadoras e, acima de tudo, colocá-las em prática. Basicamente, transformar paixões e sonhos em realidade.
Empreendedores nunca param de aprender, simplesmente porque quem empreende não se pode acomodar. É preciso correr atrás de novas ideias, ser eficiente, consistente com a qualidade e pensar “fora da caixa”.
Enfim, empreender é um desafio e tanto, mas podemos começar com as dicas abaixo:
1 – Espírito de iniciativa.
Sai do lugar e da tua zona de conforto. Arrisca e cria as tuas oportunidades.
2 – Cria um Plano de Negócios.
O plano de negócios é o teu cartão-convite ao investimento. Trata-se de uma ferramenta importante que permite uma visão global do mercado, monitorar o progresso e o crescimento da empresa.
3- Trabalha com algo que conheces.
Foca o teu negócio nas tuas habilidades, competências, desejos e motivações.
4 – Avalia os custos e evita gastos desnecessários.
Até que a empresa comece a ter lucro, um planeamento financeiro bem-feito vai garantir que a empresa tenha recursos necessários para sobreviver até obter o retorno sobre o investimento inicial.
5 – Adopta sistemas de home-office ou Coworking.
Para economizar, transformar um quarto da casa em escritório será uma mais-valia. Para aqueles que precisam de reuniões constantes e pessoais com clientes e que necessitam de um endereço comercial, as salas de coworking (Kianda Hub) podem ser uma saída mais económica e interessante.
6 – Usa (muito) o Marketing Digital.
Esta é, talvez, uma das melhores dicas. Cria blogs profissionais e perfis nas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter) e aumenta a tua rede de contactos. Trata-se de uma ferramenta rápida e eficiente para a obtenção de resultados em tempo real.
7 – Frequenta fóruns, encontros e palestras sobre empreendedorismo
Crie o teu networking. Participa de eventos para aprender conceitos e práticas e para conhecer empreendedores e potenciais parceiros e fornecedores.
8 – Aprenda com empreendedores e especialistas.
Fala com empreendedores já estabelecidos no mercado. Escuta as suas dicas com cuidado e tenta identificar pontos em comum com o teu negócio. Pergunta sobre as principais dificuldades existentes no mercado actual e as vantagens de empreender.
9 – Investe na tua formação.
Nunca é tarde para aprender algo novo. Muitos são os sites que oferecem formação online grátis. Empreendedorismo, estratégia e plano de negócios, inovação, vendas e marketing, inclusive o digital, são algumas das formações de interesse.
10 – Procura consultoria especializada.
Procurar o suporte do Instituto de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) e de serviços de consultoria especializada (finanças, contabilidade, business coach) que permitam uma gestão e contabilidade do negócio de forma simples.
Para um empreendedor, as chaves de sucesso estão no planear bem e nos parceiros estratégicos. Por isso, planeiem, arrisquem, invistam e jamais se acomodem. Empreendam!
Um dia iluminado,
Bijoucy